quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Visita de um grupo de estudantes da Faculdade de Educação à Escola Nacional Florestan Fernandes - ENFF

Entre os dias 04 à 05 de dezembro de 2011, um grupo de 9 alunos do curso de Pedagogia da UERJ visitou a ENFF (Escola Nacional Florestan Fernandes).

Mas como falar sobre nossa visita à ENFF sem falar sobre o chamado “Terceiro Setor”? Se você for aluno de Pedagogia, então, já deve ter ouvido falar sobre as diferenças entre Movimentos sociais e ONGs e sobre as contribuições de autores como Carlos Montaño e Maria da Glória GOHN à compreensão do tema.

Não?

Então vamos lá!

O “Terceiro setor” pressupõe a existência da realidade social em três esferas: o Estado, o mercado e a “sociedade civil”, ambos autônomos. Nesta concepção o Estado é burocrático e ineficiente, o Mercado é lucrativo e eficiente, então, para responder às demandas sociais a sociedade civil assume essa tarefa e criam as chamadas ONGs. Portanto as ONGs assumem a função de responder as demandas sociais (que antes era responsabilidade do Estado).

Não cabe a nós julgar se o papel da ONG é ou não válido. Nosso objetivo é discutir sua existência a fim de compreendermos melhor o que acontece em nossa sociedade. Em contraste com as ONGs temos os chamados Movimentos Sociais. Seu objetivo não é responder as demandas da sociedade, mas sim, a partir delas, pressionar o Estado para que ele cumpra seu papel. Sinalizando a ideia de “estar em movimento” revelam a ação coletiva, a capacidade de articular interesses e pessoas em torno de ideais comuns. Alguns nomes bastante conhecidos configuram esta categoria: MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Fóruns de Educação de Jovens e Adultos, Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, entre outros.


Agora sim, a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF)

A ENFF tem o perfil de Movimento Social. Situada em Guararema (a 70 km de São Paulo), a escola foi construída, entre os anos 2000 e 2005, graças ao trabalho voluntário de pelo menos mil trabalhadores sem terra e simpatizantes. Nos cinco primeiros anos de sua existência, passaram pela escola 16 mil militantes e quadros dos movimentos sociais do Brasil, da América Latina e da África.


A escola oferece cursos de nível superior, ministrados por mais de 500 professores, nas áreas de Filosofia Política, Teoria do Conhecimento, Sociologia Rural, Economia Política da Agricultura, História Social do Brasil, Conjuntura Internacional, Administração e Gestão Social, Educação do Campo e Estudos Latino-americanos. Além disso, cursos de especialização, em convênio com outras universidades (por exemplo, Direito e Comunicação no campo).

O acervo de sua biblioteca, formado com base em doações, conta hoje com mais de 40 mil volumes impressos, além de conteúdos com suporte em outros tipos de mídia. Outra preocupação da Escola Florestan Fernandes é a questão de gênero, para assegurar a possibilidade de participação das mulheres, foram construídas creches (as cirandas), onde os filhos permanecem enquanto as mães estudam.

A escola foi erguida sobre um terreno de 30 mil metros quadrados, com instalações de tijolos fabricados pelos próprios voluntários. Ao todo, são três salas de aula, que comportam juntas até 200 pessoas, um auditório e dois anfiteatros, além de dormitórios, refeitórios e instalações sanitárias. Os recursos para a construção foram obtidos com a venda do livro Terra (textos de José Saramago, músicas de Chico Buarque e fotos de Sebastião Salgado) e doações.

Quem nos apresentou disse que entre os voluntários e estudantes há médicos, engenheiros, advogados... O objetivo da escola não é que os estudantes se isolem do mundo, mas sim que conheçam a estrutura do modo de produção capitalista, e, a partir dos instrumentos oferecidos pela escola, possam intervir na realidade social, a fim de transformá-la..*






A Gestão Mudar é Possível do Centro Acadêmico Paulo Freire compreende a importância da Escola Nacional Florestan Fernandes na luta por uma sociedade mais justa. A fim de divulgar o projeto desta instituição, pretendemos organizar uma visita com tod@s @s estudantes interessad@s em conhecer a ENFF, no primeiro semestre de 2012.

* Texto de Luana Francisca, aluna do 7° período e diretora do Centro Acadêmico Paulo Freire.

Para maiores informações sobre a escola:

REFERÊNCIAS
GOHN, Maria da Glória. O protagonismo da sociedade civil: movimentos sociais, ONGs e redes solidárias. São Paulo: Cortez, 2005.

Montaño, Carlos. Terceiro setor e a questão social. São Paulo: Cortez, 2002.

Um comentário:

  1. Muito legal essa visita de vocês e esclarecendo sobre ONGs e Movimentos Sociais. Gostei de saber que uma escola assim existe! Acabo de ganhar mais alguma esperança!

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